Neste dia 15 de agosto, comemora-se o centenário de morte de José Gonçalves da Silva, uma das personagens mais vibrantes da história baiana, tendo sido, entre outras coisas, o primeiro intendente de Senhor do Bonfim e o primeiro governador constitucional da Bahia.
José Gonçalves nasceu em dezembro de 1838. Formou-se em Direito pela Faculdade de São Paulo em 1859, e em 1860 fixou residência na fazenda Piabas, na época Vila Nova da Rainha, hoje município de Campo Formoso, onde começa a atividade política filiado ao Partido Conservador.
Afastado da política nos últimos anos do Império, foi, entretanto, um dos primeiros políticos a aderir ao regime republicano instalado 1889. Foi ele o inspirador da adesão de Bonfim à República. Em fevereiro de 1890 foi nomeado primeiro intendente (prefeito) municipal de Senhor do Bonfim, cargo que ocupou até outubro do mesmo ano, quando, por nomeação do marechal Deodoro da Fonseca, passou a assumir o Governo do Estado. Em 1891, foi eleito primeiro Governador Constitucional da Bahia.
Quando em novembro de 1891 Deodoro da Fonseca determina o fechamento do Congresso Nacional, José Gonçalves lhe emprestou apoio. A atitude do Governador não agradou a seus aliados que esperavam uma postura mais cautelosa por parte do Chefe do Executivo.
Mergulhado na primeira crise institucional do Governo Republicano Deodoro acaba renunciando ao posto para dar lugar ao vice Floriano Peixoto. Alçado ao poder, Floriano começa a caça às bruxas, substituindo, um a um, os governadores fiéis a Deodoro. E José Gonçalves era um desses.
Assim que chegou a Salvador a notícia da renúncia do Marechal, a oposição se reuniu e pediu a cabeça do Governador. José Gonçalves ainda resiste, mas acaba deposto do cargo.
Em 1892, à frente os membros do antigo Partido Conservador, é fundado na Bahia o Partido Republicano Federalista, sendo José Gonçalves escolhido presidente da nova agremiação. Naquele mesmo ano, havendo lugar as eleições parlamentares, foi o mesmo eleito Senador Estadual, posto que renunciaria mais tarde, quando da cisão do partido que chefiava.
Em junho de 1893 ocorre o que há muito já se esperava. As divergências entre José Gonçalves e Luis Viana, antigos aliados, em torno da limitação ou não da autonomia municipal, provocaram um racha no Partido Republicano Federalista, resultando na configuração de dois grupos antagônicos: o Vianista e o Gonçalvista. Essa cisão levaria ao surgimento de dois novos partidos: o Partido Republicano Federal da Bahia, chefiado por Viana e o Partido Republicano Constitucional, regido por Gonçalves.
Derrotado em 94 nas eleições para o Senado Federal, José Gonçalves é reeleito no mesmo ano senador estadual, num processo de escolha de todo inusitado. Postas as eleições, era a primeira vez que os dois grupos rivais iriam medir suas forças num pleito de nível estadual e nenhum deles poderia fraquejar. No momento da apuração, nenhuma das facções ligou para o resultado das urnas, “empanturrando de votos os seus candidatos e dando-os como eleitos,”.
Tal procedimento levou a uma duplicata de atas eleitorais, lavradas a bico de pena, que geraram a duplicata de diplomas e, por consequencia, a duplicata do Poder Legislativo. De forma que a Bahia passou a ter dois Legislativos operando paralelamente. O oficial, liderado pelos governistas; e o extra-oficial, capitaneado por José Gonçalves e seu fiel escudeiro, o Barão de Jeremoabo.
A mesma situação repetir-se-ia em 1895, desta feita, em relação ao Executivo Estadual. Com problemas de saúde, o Governador Rodrigues Lima teve que se licenciar da função, cabendo ao presidente do Senado Estadual suprir a vacância do cargo. Como havia dois senados e, consequentemente, dois presidentes reivindicando o mesmo posto, acabou por proceder-se também à dualidade do Poder Executivo. Assim, de 18 de outubro a 20 de dezembro de 95, a Bahia operou com dois chefes do Executivo. O impasse só se resolveu quando Lima retornou ao Governo.
Àquela altura, a carreira política de José Gonçalves já havia chegado ao declínio. Em 1907, após sucessivas derrotas, recolhe-se ele na fazenda Piabas, onde falece em 15 de agosto de 1911.
José Gonçalves do Nascimento
Presidente da Academia de Letras e Artes de Senhor do Bonfim-Ba.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
JOSÉ GONÇALVES: CENTENÁRIO DE MORTE
05:32
Pedro Castor
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