sexta-feira, 27 de maio de 2011

DEMOLINDO PRECONCEITOS: Academia incorpora e indica mais ícones populares


Em solenidade cujo primeiro luxo foi o auditório repleto de representantes da cultura bonfinense, a Aclasb (Academia de Letras e Artes de Senhor do Bonfim) empossou quatro novos membros: Josemar Santana – advogado, jornalista e escritor; Fernando Dantas, Dramaturgo, músico, e professor; Ieda Barbosa Belitardo de Carvalho, talentosa musicista e maestrina; e Carlos Alberto Dias dos Santos, líder quilombola, representante parlamentar e graduado em Psicopedagogia.
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Nobre não foi só o salão do Poder Legislativo, foi também a homenagem aos 126 anos de aniversário da cidade e ao fundador do estado republicano e primeiro governador constitucional da Bahia, Dr. José Gonçalves da Silva, no centenário de morte (1911 – 2011). Nobre foi a presença do universo real da sociedade que se desdobrou dos kiriris; a honradez de músicos, magistrados, artistas e acadêmicos nivelando a rara oportunidade de ouvir poesias de sabor superior.

Anônimos - A Aclasb já deu “toga” de imortal a um agricultor que compõe hinos oficiais, abriu a cortina para a excelência do texto do seu presidente José Gonçalves do Nascimento e para o primor expositivo do seu fundador Dr. Paulo Machado: um recompondo a polêmica andança histórica do primeiro Governador da Bahia, outro narrando o poema humano composto por eflúvios d’água da lagoa (“que ainda nos banha”) e do Monte Tabor (“que ainda lança auras”). Sangue, suor e saudade; amores, tropeços e emoções; lutas, concórdias e euforias. Enfim toda uma epopéia para que nós da esquina, das universidades, dos bares, das fardas de trabalho e das ruas pudéssemos consignar valores e saberes que são agorinha nossos apegos. O São João na frente e uma fila de orgulhos educacionais, citadinos e culturais inigualáveis. Sabe-o os anônimos que reforçando de paixão os que amam a terra acabam por ser mais apaixonados que os reforçados.

Sonoridade – Duas horas de “achegos” foram rápidas como um raio. Gonzagão deleitou o ouvido da platéia por três minutos de Coral da Saudade. Violão na Academia? A Brasileira de Letras o permitiria? Dedilhado por violonista europeu do renome de um Paganini, sim. Daniel Gomes não usa blak tie e breijerou à altura. Numa noitada curta, o anonimato de Tijuaçu, desmarginalizou um pouco do contido sentimento de etnia reprimida e deu voz de acadêmico a Carlos, o Negão, um negão. Segmentos sociais construtores da jactância bonfinense atual não estão sofrendo preconceito de uma academia. Ela tem um papel a cumprir. Não é só de Letras. É de artes – e nem todas têm conceito definido na divisão do trabalho de uma sociedade em transição. Indefinida. Academias remotas, do distante século 20 envelheceram.

Não migraram em escolas de mistos e ativos ensinamentos. A era informática produz colossais batalhões de inominados e nestes alguns ícones que, livres de serem meras testemunhas de uma saga são a própria encarnação desta. Virtuoses da música saem do limbo do esquecimento. Boa noite para a professora Ieda. A batuta do professor de inglês Fernando Dantas obedecia à jovialidade do seu sorriso, mesmo ele regendo à italiana a agradabilíssima La Paloma. Duas canções a do reconhecimento e a da sonoridade musical.

Britto Jornalista

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